As mulheres de Salvador já têm a possibilidade de contar com um dos procedimentos mais modernos e seguros do mundo para prevenir malformação dos embriões. Trata-se da Análise Não Invasiva do Embrião, Ge Screening Genético Não Invasivo (NICS) ou PGT-A não invasivo.
A novidade permite um estudo genético do embrião antes da introdução no útero, no tratamento de fertilização in vitro, sem apresentar qualquer risco de dano ao desenvolvimento do bebê no decorrer da gravidez. A Análise Não Invasiva do Embrião detecta possíveis malformações que podem levar a complicações cerebrais, problemas cardíacos, microcefalia, defeitos congênitos em alguns órgãos, retardo no desenvolvimento ou até à morte nas primeiras horas após o nascimento.
O método é, portanto, uma espécie de atalho confiável para mamães e bebês no caminho para uma gestação tranquila. Um grande avanço na história da reprodução assistida. Ele é recomendável para mulheres na faixa dos 40 anos, já que o risco de malformação aumenta com a idade. Em Salvador, a Análise Não Invasiva do Embrião é realizada no Cenafert e na Clínica Insemina.
O procedimento
A Análise Embrionária é o método pelo qual se estudam os cromossomos do embrião durante o tratamento da Fertilização in Vitro (FIV). Através dela, é possível descobrir se o bebê tem predisposição a apresentar malformações, como a síndrome de Down, por exemplo. A presença de anomalias cromossômicas é uma das principais causas de interrupção natural da gravidez.
A Análise Embrionária pode ser feita de duas formas: invasiva ou não invasiva. No primeiro caso, o mais tradicional, a biópsia (pequeno procedimento para obtenção de tecido) é realizada com a retirada de algumas células do embrião (estágio inicial do desenvolvimento do ser humano, após a fecundação do óvulo que, na fertilização in vitro, é feita em laboratório). No segundo procedimento, mais moderno, o estudo é feito a partir da coleta de células no meio de cultivo, o líquido em que o embrião é conservado, antes da introdução no útero. Desta forma, o embrião é totalmente preservado.
Essa é a grande vantagem do Screening Genético não invasivo. Através dele, não há risco de danos ao embrião. Enquanto que, no procedimento tradicional, invasivo, o embrião pode ser lesionado no momento da retirada das células, inviabilizando assim a transferência daquele embrião.
Quem deve fazer Análise Não Invasiva do Embrião?
Realizada no período de até cinco dias após a fecundação (inserção do espermatozoide no óvulo), a Análise Não Invasiva do Embrião é altamente recomendável para mulheres em idade avançada, a partir dos 38 – 40 anos. Por conta do processo de envelhecimento natural dos óvulos, há um risco maior do bebê apresentar malformações em gestações nesse período da vida feminina, como explica a médica especialista em reprodução assistida, Dra. Sofia Andrade, uma das especialistas que realiza a Fertilização in vitro com Estudo Genético Pré-implantacional em Salvador.
“O homem consegue a cada 3 meses renovar todo o seu estoque de espermatozoides. No caso da mulher, é diferente. A mulher já nasce com todos os óvulos para o resto da vida. Quanto mais velha a mulher, portanto, mais velhos os óvulos. Por isso, o risco de danos ao DNA do óvulo é maior, devido a fatores como radicais livres, doenças como endometriose nos ovários, entre outros”, disse Dra. Sofia Andrade.
Outros fatores
Além da idade, outros fatores a serem considerados para a Análise Não Invasiva do Embrião são o histórico familiar para mutação genética ou o fato da mulher já ter dado à luz a filhos com malformação. Por meio do exame genético, é possível identificar predisposição à anemia falciforme, por exemplo.
Cariótipo é o nome dado ao conjunto de cromossomos em uma célula. Cromossomo é uma longa sequência de DNA, que contém vários genes. Por sua vez, o gene é a unidade fundamental da hereditariedade. É ele que define quais as características que trazemos dos nossos antepassados, em maior e menor grau, como cor da pele, olhos, cabelo, traços da personalidade e comportamento e, também, propensão a doenças ou malformações.
Nós seres humanos, somos formados por 46 cromossomos, distribuídos em 23 pares, sendo um desses pares o par sexual (XX nas mulheres ou XY nos homens). Quando ocorre uma perda de um desses cromossomos, durante a divisão celular para formação dos óvulos ou espermatozoides ou então quando ocorre um ganho, surge a malformação. A Síndrome de Down, por exemplo, ocorre por um ganho de um cromossomo 21, ficando assim o embrião com 3 cromossomos 21 ao invés de um par, explica Dra Sofia Andrade.
Avanços da Análise Não Invasiva do Embrião
A princípio, na Análise Não Invasiva do Embrião era relativamente comum a identificação de alterações cromossômicas em embriões normais. Isso ocorria, segundo pesquisadores, por causa de contaminações por células maternas que rodeiam o óvulo, chamadas de células da granulosa. Hoje, entretanto, com o desenvolvimento da técnica, esse risco é bem menor.
“O procedimento atual reduziu drasticamente a chance de erro no diagnóstico. Isso porque, agora, são retiradas várias células do meio de cultivo (líquido no entorno do embrião, onde ele é conservado) representando assim células da massa celular interna (que gerará o bebê) e não apenas células do trofoectoderma (células que irão gerar apenas os tecidos extra-embrionários), como antes. Então, o material para análise é muito mais vasto e assertivo”, explicou Dra. Sofia Andrade.
Caso seja identificada alguma malformação, o embrião não é selecionado para transferência ao útero e aquele embrião com o estudo cromossômico normal é então transferido.
Síndromes identificáveis
A seguir, as malformações que podem ser identificadas pelo Estudo Embrionário Não Invasivo .
- Síndrome de Down: Provocada por uma divisão celular anormal que produz material genético extra do cromossomo 21, a trissomia do 21. Os portadores têm uma aparência facial característica, deficiência mental e retardo no desenvolvimento. Pode vir associada a problemas no coração, na tireóide, entre outros.
- Síndrome de Patau: também conhecida como trissomia do cromossomo 13. Danos mentais e físicos graves fazem com que bebês com essa malformação raramente sobrevivam à primeira semana após o nascimento.
- Síndrome de Edwards: Na trissomia do cromossomo 18, o bebê nasce com peso abaixo do normal, microcefalia e defeitos congênitos nos órgãos que, na maioria das vezes, levam à morte. Não tem tratamento e costuma ser fatal antes do nascimento ou no primeiro ano de vida.
- Síndrome de Turner: É causada pela ausência ou incompletude de um cromossomo sexual, o que chamamos de monossomia do X . Os acometido pela síndrome têm baixa estatura, puberdade tardia, infertilidade, dificuldade de aprendizado e problemas cardíacos.