A Fertilização in Vitro (FIV) é a técnica de reprodução assistida com maior complexabilidade e eficiência. Por meio dela, as células dos ovários são fecundadas pelo espermatozoide fora do corpo, no tubo de ensaio, ou seja, in vitro (vidro, em latim). Posteriormente, o embrião é colocado no útero da mulher. Popularmente conhecido como “Bebê de Proveta”, a Fertilização in Vitro é o meio de reprodução assistida mais realizado no mundo.
A probabilidade de sucesso na Fertilização in Vitro é grande, já que o embrião é colocado pronto no útero. Por isso, de acordo com estudos, quando mulheres entre 35 e 40 anos (faixa etária que mais procura o tratamento) realizam a FIV, a chance da primeira tentativa dar certo é de até 45%.
Fertilização In Vitro
Avanços da Fertilização in Vitro
A primeira bebê de proveta da história, como resultado da Fertilização in Vitro, foi a inglesa Louise Brown, nascida em 25 de julho de 1978, no Royal Oldham Hoospital, em Oldham, Inglaterra. Depois disso, a medicina evoluiu demais. A mãe de Louise, Leslie Brown, passou por uma cirurgia com anestesia geral para que a barriga fosse aberta e, então, tivesse os óvulos coletados. Atualmente, pela Fertilização in Vitro, a extração é feita por ultrassom vaginal, ou seja, sem qualquer tipo de corte.
O avanço é tamanho que hoje pode-se utilizar, por exemplo, a biópsia embrionária, que mostra quais embriões vão gerar crianças saudáveis. Há ainda a possibilidade do congelamento de óvulos, que, por outro lado, viabiliza a gravidez em idades mais avançadas. Do nascimento de Louise Brown até 2018, segundo dados da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), mais de 8 milhões de pessoas tinham vindo ao mundo graças às técnicas de reprodução assistida.
Indicações da Fertilização in Vitro
A fertilização in vitro é indicada geralmente nos seguintes casos:
- Mulheres com 35 anos ou mais;
- Casais homoafetivos;
- Alterações no espermograma (exame que avalia a capacidade reprodutiva do homem);
- Obstrução da trompa;
- Laqueadura;
- Vasectomia;
- Fatores genéticos causadores da infertilidade;
- Casos de abortos de repetição;
- Tratamento para evitar doenças hereditárias.
Idade para Fertilização in Vitro
A idade é o fator isolado que mais impacta na capacidade de uma mulher engravidar. Acima de tudo, porque a diminuição da fertilidade feminina começa aos 30 anos. Essa redução se intensifica a partir dos 35, com outra considerável piora aos 40 anos. Isso acontece, em suma, pela redução da quantidade e qualidade dos óvulos. É um processo orgânico natural que, consequentemente, resulta na extinção dos óvulos e o começo da menopausa.
Sendo assim, o período mais indicado para a Fertilização in Vitro é até os 35 anos de idade. No entanto, isso não quer dizer que mulheres com idade superior estejam alijadas do processo. Com o avanço da medicina e a evolução dos tratamentos, é possível ter uma gravidez saudável até depois dos 40 anos.
Os especialistas recomendam, entretanto, que, se possível, a mulher congele os óvulos até os 35 anos, para posterior fecundação via fertilização in vitro.
Pré-tratamento da Fertilização in Vitro
Antes da adoção da Fertilização in Vitro, é feito estudo da fertilidade do casal, através de exames e análise do histórico da família, incluindo exames hormonais, morfológicos e genéticos, do homem e da mulher. Depois disso, assim que a mulher menstrua, faz-se um primeiro ultrassom, para ver se se ela está apta a começar o ciclo da fertilização: o mais importante, em suma, é verificar a espessura do endométrio, além do tamanho e o número dos folículos em cada ovário.
Passo a passo da Fertilização in Vitro
1- Estimulação Ovariana
Em primeiro lugar, são prescritos medicações hormonais para a fertilidade da mãe. São realizadas injeções diárias de FSH (hormônio folículo-estimulante) por cerca de 10 dias. Elas estimulam o amadurecimento do óvulo e aumentam a chance de coleta de múltiplos óvulos nos ciclos menstruais femininos, um processo chamado de estímulo ovariano. Enquanto isso, o desenvolvimento do óvulo é monitorado por ultrassom. Através das imagens é possível ver o crescimento dos folículos, estruturas que contém os óvulos. Cada folículo pode ter dentro dele um óvulo. Consequentemente, folículos maiores podem estimar a quantidade de óvulos que a paciente é capaz de produzir.
2- Punção folicular
A imagem do ultrassom também é utilizada no segundo passo. É ela que guia o pequeno procedimento cirúrgico para obtenção dos folículos, que são sugados através de uma agulha coletora, introduzida pelo canal vaginal.
A mulher recebe uma sedação e o procedimento dura entre 20 a 30 minutos. Depois disso, o líquido obtido daí é captado dentro de tubos que ficam em blocos aquecidos para que os óvulos que saem junto não sofram com a mudança de temperatura.
O líquido folicular é analisado em laboratório para identificar os óvulos. A identificação é feita em uma cabine onde o ar é filtrado, para evitar a contaminação. Aí é realizada a punção folicular, que consiste na retirada dos óvulos do folículo.
3- Coleta de Sêmen
No terceiro passo da Fertilização In Vitro, após a retirada dos folículos, os óvulos são lavados com as células que os envolvem e colocados no meio de cultivo para receber os espermatozoides em até três horas após a função folicular.
Os espermatozoides são coletados no mesmo dia, via masturbação ou já estão armazenados vindos de bancos de sêmen. No dia da amostra, o homem deve estar sem ejacular de dois a cinco dias, para aumentar a concentração de espermatozoides no líquido seminal.
4- Fecundação
Na Fertilização in Vitro, o espermatozoide é posto em contato com o óvulo de duas maneiras. Na primeira, para que contacte-se espontaneamente com os óvulos. Para isso, eles são colocados na mesma placa onde estão os óvulos e disputam entre si pela fertilização. Na outra, as células que envolvem os óvulos devem ser retiradas. Assim, um único espermatozoide é inserido no óvulo.
No dia seguinte, em até 19 horas após o encontro entre óvulo e espermatozoide, faz-se a checagem para ver se a fertilização, de fato, ocorreu. É a inseminação, que acontece em laboratório. Lá, o espermatozoide é inserido no óvulo para que ocorra a fertilização.
Os óvulos são monitorados para que se confirme a fertilização e a formação do embrião já no dia seguinte ao procedimento. Posteriormente, é iniciada a divisão celular. Se isso ocorrer, os embriões vão se desenvolvendo por cerca de 5 dias, até a fase de desenvolvimento chamada blastocisto, ou seja, quando ele já está pronto para ser transferido para o útero.
5- Confirmação da gravidez
Após a Fertilização in Vitro, quando há a inseminação, é verificada a existência de dois pró-núcleos, um masculino e um feminino. Posteriormente, esses pró-núcleos se fundem e dão início ao embrião, que começa a se dividir em aproximadamente 26 horas. Com dois dias, o embrião terá quatro células. Com três dias, oito. No quarto dia, será uma mórula, ou seja, quando não é mais possível identificar a quantidade de células.
Entre cinco e seis dias de vida, o embrião se transforma em blastocisto. Blastocisto, que significa blástula ou “broto”, é o nome dado ao segundo estágio de desenvolvimento do embrião animal. Para esclarecer: o embrião pode ser transferido para o útero ou criopreservado em qualquer etapa do seu desenvolvimento. A transferência para o útero é feita através de um cateter.
O embriologista retira o embrião da placa de cultivo e, depois disso, leva-o ao médico que procede a transferência sendo guiado pelo ultrassom, de modo que o embrião seja depositado no endométrio na localização onde ocorre a implantação. Depois disso, em cerca de duas semanas, ultrassom e testes sanguíneos serão analisados para confirmar a gravidez.
Embriões excedentes na Fertilização in Vitro
Após todo o processo da Fertilização in Vitro, caso haja embriões excedentes, os casais devem decidir se vão congelá-los (criopreservação) para uso num possível futuro ciclo de fertilização in vitro.
A destinação desses embriões excedentes é um dos principais dilemas da reprodução assistida. Além da criopreservação, outro fim comum para os embriões excedentes na Fertilização in Vitro é a doação para pesquisas científicas com células-tronco embrionárias, com o consentimento dos pais.
A resolução 1.957 do Conselho Federal de Medicina (CFM), de 2010, determinava a proibição da destruição dos embriões criopreservados. Enquanto isso, eles deveriam ser mantidos congelados por tempo indeterminado.
Em 2013, entretanto, em nova resolução, o CFM definiu que os embriões poderiam ser descartados após cinco anos do congelamento, se os pais não optassem por um novo ciclo de fertilização. Posteriormente, em 2017, o prazo mudou mais uma vez, agora, para três anos.