O congelamento de óvulos é um parceiro fundamental da independência feminina quando o assunto é gravidez. Os avanços da medicina reprodutiva dão à mulher uma autonomia cada vez maior em relação ao chamado relógio biológico. Por isso, ela não precisa mais engravidar quando o corpo naturalmente pede ou está perto de desaconselhar. A decisão está cada vez mais nas mãos das futuras mamães.
Seja porque ainda não surgiu o parceiro ou a parceira ideal, seja por questões profissionais ou qualquer outro tipo de anseio pessoal, a hora de ser mãe pode ser definida com muito mais planejamento e, consequentemente, segurança através do congelamento de óvulos para posterior utilização na Fertilização in Vitro.
É uma opção também para quem tem problemas de ordem médica, como endometriose, baixa reserva ovariana, homens ou mulheres que vão se submeter a tratamento de câncer.
Idade para congelamento de óvulos
A Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRA) sugere que a idade máxima para congelamento de óvulos seja 35 anos. É a partir daí que acontece uma drástica redução da fertilidade feminina, altamente impactada pelo envelhecimento, porque este reduz a qualidade dos óvulos.
O auge da fertilidade da mulher é entre os 20 e 30 anos – período ideal para o congelamento. É possível congelar os óvulos depois dos 35? Sim, mas a probabilidade de sucesso da gravidez é sensivelmente menor.
Segundo estudos, a chance de uma mulher que congelou os óvulos aos 35, engravidar aos 40, por exemplo, é de aproximadamente 60% via fertilização in vitro. Na mesma idade, com o mesmo método de reprodução assistida, mas, sem o congelamento de óvulos, a hipótese de engravidar cai para 20%.
Indicações para o congelamento
O congelamento de óvulos é indicado para mulheres que querem retardar ou tem dificuldade em engravidar. Esse adiamento da maternidade pode ser uma simples escolha pessoal. Além disso, a mulher pode ter em mente que ainda precisa atingir certos objetivos profissionais antes de dar à luz. Ou querer esperar um pouco mais a maturação de um relacionamento, ou a chegada do companheiro ou companheira ideal.
Há, ainda, os obstáculos biológicos. O congelamento de óvulos é indicado para mulheres com cistos ovarianos, como a endometriose, por exemplo, que prejudica a qualidade dos óvulos. Esses cistos, por sua vez, são um saco ou bolsa sólida, repleta de líquido no interior, que podem surgir na superfície ou dentro do ovário. Eles podem desaparecer naturalmente, mas trazem complicações caso persistam. A maioria, no entanto, não provoca sintomas, mas sinais deles podem ser oscilações menstruais, cólicas, dor na relação sexual ou intestino desregulado.
Durante o tratamento da Fertilização In Vitro (FIV), os óvulos podem ser congelados em duas situações. Uma delas é se o parceiro não produz espermatozoides suficientes para a fecundação. Nesse caso, os óvulos gerados são preservados, evitando, assim, o desperdício. Na outra, os óvulos excedentes também podem ser congelados, caso a paciente tenha o interesse em engravidar futuramente.
Pacientes com câncer
O congelamento também é recomendado para mulheres com baixa reserva ovariana, ou seja, um redução do número de óvulos. Tal problema é detectado através de exames ou tem relação com histórico de menopausa precoce na família.
Para portadoras de qualquer tido de câncer, o congelamento de óvulos também é indicado, porque a radioterapia e a quimioterapia podem impactar na reserva ovariana e, consequentemente, na fertilidade. Em certos casos, a mulher pode até evoluir para o quadro de menopausa precoce depois do tratamento quimioterápico.
Por fim, o congelamento é indicado antes da necessidade da retirada dos ovários, por causa de doenças benignas ou tratamento de doenças autoimunes que afetem a reserva ovariana. São chamadas autoimunes aquelas doenças em que o sistema imunológico do organismo ataca as próprias células saudáveis.
O processo de congelamento dos óvulos
O primeiro passo para o congelamento de óvulos é a realização de exames para avaliar a saúde da mulher e sua reserva ovariana. Com os resultados satisfatórios em mãos, inicia-se, posteriormente, o tratamento de indução a ovulação.
A cada ciclo menstrual, a mulher libera um óvulo. No ciclo induzido para o congelamento de óvulos, os ovários são estimulados para que os folículos cresçam e produzam, desta forma, mais óvulos em um único ciclo. Folículos são estruturas que contém os óvulos e importantes indicadores de fertilidade. Quanto mais folículos, mais fértil é a mulher.
A indução à ovulação é feita através de medicamentos injetáveis, as gonadotrofinas (hormônios), a partir do segundo dia da menstruação. As medicações são aplicadas diariamente, por até 12 dias, via injeções na barriga. O manuseio é bastante simples e as aplicações podem ser feitas pela própria paciente.
A eficiência da indução ovariana é acompanhada via ultrassonografias e exames de sangue. É através deles que são medidos os folículos que se desenvolvem e, consequentemente, a quantidade de óvulos resultantes para congelamento.
Extração dos óvulos
Cerca de 36 horas após a última aplicação hormonal é feita a extração dos óvulos do útero materno, por um procedimento, a aspiração guiada. Uma agulha bem fina é acoplada na ponta de um ultrassom e introduzido pela vagina – é esse conjunto que vai sugar os óvulos presentes nos folículos.
Sedada durante todo o procedimento, por uma anestesia superficial, a mulher não sente dor. Logo após a retirada, os óvulos permanecem por cerca de duas horas no laboratório, para maturação. Depois, eles são mergulhados numa substância congelante, o que protege os óvulos e reduz a quantidade de líquido em seu interior, para evitar a formação de cristais. Na sequência, os óvulos vão para um recipiente com nitrogênio líquido, substância que reduz rapidamente a temperatura para 196 graus negativos.
Óvulos congelados até quando?
Os óvulos podem permanecer congelados por tempo indeterminado. Se o armazenamento for realizado de maneira correta, por profissionais capacitados, não há, consequentemente, risco de comprometer a qualidade dos óvulos. Congelado corretamente, portanto, o óvulo conservará suas características e, consequentemente, não envelhecerá. Existem casos de mulheres que conseguiram engravidar com óvulos congelados por mais de 10 anos.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda, porém, que a idade limite da mulher para engravidar via fertilização in vitro seja de 50 anos, por conta dos riscos inerentes a uma gravidez em idade avançada.
Quando a decisão da gravidez é tomada, eles são retirados do nitrogênio líquido. Os óvulos que não forem utilizados podem, inclusive, ser recongelados para uma futura gravidez. Entretanto, não se sabe o impacto desse recongelamento na qualidade do óvulo.
Se a mulher desistir de engravidar, os óvulos, por serem apenas gametas, podem ser descartados. A legislação brasileira só permite que os óvulos sejam doados para bancos, acima de tudo, sob condição de anonimato, tanto de doadores, quanto de receptores. Os óvulos doados podem ajudar outras mulheres a realizar o sonho da maternidade.
Após o descongelamento, os óvulos são fecundados para, posteriormente, formar os embriões, em laboratório, no processo da Fertilização In Vitro. Clique aqui para saber mais sobre o tratamento, a mais eficaz e popular técnica de reprodução assistida do mundo.