Agosto é o mês do pais e também do combate ao preconceito na medicina reprodutiva. Por associarem incorretamente a infertilidade masculina com virilidade, é comum que muitos homens evitem procurar a reprodução assistida para realizar o sonho de ter um filho.
“Infertilidade masculina não está necessariamente ligada à dificuldade de ereção ou baixa libido, por exemplo. Mas, por fazerem essa ligação, muitos homens sentem vergonha de realizar exames para detectar as causas da infertilidade masculina e acham que o problema nunca está com eles e sim com as companheiras”, afirma a especialista em medicina reprodutiva, Dra. Sofia Andrade.
Segundo estudos, 40% da dificuldade da reprodução natural deve-se a problemas com a mulher. Exatamente o mesmo percentual da infertilidade masculina. Os outros 20% são provocados por questões comuns a ambos.
Só é possível identificar e, o mais importante, resolver esses entraves à paternidade com acompanhamento médico.
Consultas gratuitas
Para derrubar certos mitos que não têm qualquer embasamento científico e orientar casais com problemas de fertilidade masculina, a clínica Insemina, em Salvador, oferece durante todo o mês de agosto consultas gratuitas com especialistas em reprodução assistida.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, os atendimentos são virtuais e podem ser agendados pelo telefone (71) 3012-1010. A recomendação médica é que a gravidez deve ser protelada para um período de maior controle do surto de coronavírus, garantindo mais segurança de mães e bebês.
Há casos, entretanto, que não podem esperar, como pacientes em idade avançada, com função ovariana comprometida ou portadores de câncer. Para essas pessoas, a indicação é a fertilização in vitro, para que os embriões obtidos possam ser transferidos posteriormente, num momento de maior tranquilidade.
“Ações como essas sempre são promovidas pela Insemina nos dias dos pais e das mães. É uma forma de ajudar casais, sobretudo de baixa renda”, disse Dra. Sofia, que faz parte da equipe de atendimento da clínica. Ela recomenda que todos os exames já realizados por pais e mães sejam enviados por email para facilitar a consulta e o encaminhamento ao tratamento mais adequado a cada caso.
Causas da infertilidade masculina
A infertilidade masculina pode ser consequência de doenças, malformações, idade avançada, cirurgias, tratamentos contra o câncer, além de maus hábitos, como o tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo e má alimentação.
Dilatação anormal das veias testiculares, a varicocele leva a um aumento excessivo da temperatura no saco escrotal, o que reduz a qualidade do sêmen. Essa redução também pode ser efeito de infecções sexualmente transmissíveis, como a gonorreia, HIV, sífilis e hepatites B e C. “Por isso é importante levar o que chamamos de uma vida sexual saudável. Isso diminui os riscos da infertilidade masculina”, alerta Dra. Sofia Andrade.
O que também pode causar infertilidade masculina são malformações do aparelho reprodutivo, como a criptorquidia, popularmente conhecida como “testículos lá em cima” ou “testículos não descidos”. É quando um ou ambos os testículos não descem para o saco escrotal, permanecendo no abdome ou canal inguinal. Nessas regiões, a temperatura para produção dos espermatozoides não é adequada, o que altera sua concentração e eficiência.
Idade, álcool e fumo podem causar infertilidade masculina
Pesquisas recentes apontam que, assim como na mulher, a idade também pode contribuir para a infertilidade masculina. “Quanto mais velho o homem, principalmente acima de 50 anos, pior a qualidade seminal, o que, muitas vezes, inviabiliza a fecundação”, esclarece Dra. Sofia.
A especialista explica ainda que homens na faixa dos 50 anos ou mais têm risco maior de terem filhos com alterações como esquizofrenia, autismo ou nanismo. “Com o tempo, há também um aumento da concentração de radicais livres e substâncias tóxicas, o que fragmenta o DNA e impacta no sucesso gestacional”.
Radicais livres são átomos relacionados ao envelhecimento, danos nos tecidos e doenças como Parkinson e Alzheimer. Uma grande quantidade deles pode ser liberada pelo organismo a partir de exposição demasiada ao sol, ingestão de alimentos com muita fritura e refinados, além do fumo. Por isso, o exagero em relação a tais hábitos deve ser combatido.
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas também pode fragmentar o DNA dos espermatozoide. Já o tabagismo pode destruir a carga genética, além de diminuir e quantidade e mobilidade deles. São fatores, portanto, que contribuem para a infertilidade masculina.
Excesso de anabolizantes podem provocar infertilidade masculina
Homens que resolvem reverter a vasectomia também podem ter dificuldade para engravidar as parceiras. “Quanto mais tempo de realizada, menos é a taxa de sucesso da reversão”, disse Dra. Sofia, sobre a cirurgia de ligadura dos canais deferentes, ductos por onde passam os espermatozoides, utilizada como método contraceptivo definitivo.
Outro fator de risco para infertilidade masculina é o uso indiscriminado de hormônios, como a testosterona, principal componente dos anabolizantes. “Existe um mito de que, quanto mais testosterona, maior fertilidade, mas não é bem assim. Uma maior quantidade de testosterona no organismo manda uma espécie de recado para o testículo de que ele não precisa trabalhar tanto. É como se o nosso organismo estivesse sendo enganado. Sem falar nos riscos hepatotóxicos que os anabolizantes trazem”, analisa Dra. Sofia Andrade.
Quais as soluções?
Como a reprodução assistida pode ajudar o homem a transpor tantas barreiras no caminho da concretização do desejo de ser pai?
Pacientes oncológicos, aqueles acometidos por algum câncer, por exemplo, podem ficar inférteis ao serem submetidos à quimioterapia ou radioterapia. Com o auxílio da medicina reprodutiva, o sêmen deles pode ser congelado antes do tratamento.
O congelamento também é indicado para homens que ainda não atingiram a faixa dos 50 anos. Em vasectomizados, pode ser feita uma punção para retirada dos espermatozoides diretamente no epidídimo ou no testículo, congelamento e posterior utilização deles para fertilização in vitro.
Homens que abusaram na utilização de anabolizantes podem ser tratados com suspensão do uso do hormônio e reequilíbrio hormonal. Já aqueles que sofrem de criptorquidia devem passar por terapia medicamentosa ou procedimento cirúrgico enquanto ainda jovens.
Um gesto de amor
Outra solução são os bancos de sêmen, que armazenam espermatozoides de doadores. “No princípio, há uma certa resistência. Mas nós oferecemos todo um acompanhamento psicológico. Com o tempo, o homem vai percebendo que gerar a vida com uma parceira a partir da doação de sêmen é, acima de tudo, um gesto de amor, e dos mais bonitos”, completou Dra. Sofia.